Para começar, é pertinente a gente se questionar primeiro sobre o que essas meninas querem alcançar: É uma busca desenfreada, desde jovens, pelo não envelhecimento? Ou é uma tentativa de pertencimento através de cremes, marcas e uma rotina lotada de etapas?

São crianças por volta dos seus 13, 14 anos com uma rotina super extensa de cuidado com a pele antes de irem pra escola. Muitas vezes antes das 06 da manhã.

Além de médica, sou mãe da Valentina de 11 anos e vejo de perto esse movimento acontecer. Com ela, eu sempre falo sobre isso, inclusive não é qualquer produto que eu a deixo usar. Mas acho importante falarmos sobre alguns pontos:

O primeiro deles é que a maioria desses produtos são feitos para peles adultas e podem oferecer riscos sérios para crianças. Produtos dermatológicos podem conter o que chamamos de DISRUPTORES ENDÓCRINOS, que podem desencadear uma adolescência precoce com alteração hormonal.

Fora isso, também podemos considerar que os ácidos e produtos podem machucar a pele, ocluir poros e mudar a composição natural da pele da criança. Por melhores que sejam as marcas, eles muito provavelmente não foram feitos para peles de crianças. Simples assim.

Mas o mais importante dessa história toda: o olhar atento de nós, pais, sobre as crianças. Para que eles não reforcem uma autoimagem errada, ou que acreditem que têm que seguir padrões impostos nas redes sociais. É muito importante que essa rotina de autocuidado não vire uma super neura criada para essas meninas estarem o tempo todo preocupadas com o espelho.

Tem, sim, como a gente apoiar esses momentos: como um creme antes de dormir, uma hidratação nos cabelos… Não é futilidade querer se cuidar. Mas, como pais, cuidadores e responsáveis, precisamos nos atentar para que esse movimento não seja prejudicial no futuro.

Vamos cuidar das nossas crianças.